As experiências
de Wedgwood
Em
1802, Sir Humphrey Davy publicou no Journal of the Royal
Instiution uma descrição do êxito de Thomas Wedgwood,
na impressão de silhuetas de folhas e vegetais sobre couro.
Thomas, filho mais moço de Josiah Wedgwood, o famoso cientista
amador e ceramista inglês, estando familiarizado com o processo
de Schulze, obteve essas imagens mediante a ação da luz sobre
o couro branco impregnado de nitrato de prata. Mas Wedgwood
não conseguiu "fixar" as imagens, isto é, eliminar
o nitrato de prata que não havia sido transformado em prata
metálica, pois apesar de bem lavadas e envernizadas, elas se
escureciam totalmente quando expostas a luz. Tom Wedgwood aprendera
com o pai Josiah, a utilizar a câmara escura para auxiliar seus
desenhos de grandes casas de campo que decorava as cerâmicas
da Etruria, mas o conhecimento da sensibilidade do nitrato de
prata veio através do seu tutor Alexander Chisholm, que tinha
sido ajudante do químico Dr. Willian Lewis, primeiro a publicar
em 1763, as investigações de Schulze. No entanto, Thomas não
chegou a obter imagens impressas com auxílio da Câmera escura
devido à sua prematura morte aos 34 anos.
Em 1777, o químico Karl Wilhelm
Scheele descobre que o amoníaco atua satisfatoriamente como
fixador.
A heliografia de Niépce
Em 1793, junto com o seu irmão
Claude, oficial da marinha francesa, Joseph Nicéphore Niépce
(1765-1833) tenta obter imagens gravadas quimicamente com a
câmara escura, durante uma temporada em Cagliari. Aos 40 anos,
Niépce se retirou do exército francês para dedicar-se a inventos
técnicos, graças à fortuna que sua família havia realizado com
a revolução. Nesta época, a litografia era muito popular na
França, e como Niépce não tinha habilidade para o desenho, tentou
obter através da câmera escura uma imagem permanente sobre o
material litográfico de imprensa. Recobriu um papel com cloreto
de prata e expôs durante várias horas na câmera escura, obtendo
uma fraca imagem parcialmente fixadas com ácido nítrico. Como
essas imagens eram em negativo e Niépce pelo contrário, queria
imagens positivas que pudessem ser utilizadas como placa de
impressão, determinou-se a realizar novas tentativas.
Após alguns anos, Niépce recobriu
uma placa de estanho com betume branco da Judéia que tinha a
propriedade de se endurecer quando atingido pela luz. Nas partes
não afetadas, o betume era retirado com uma solução de essência
de alfazema. Em 1826, expondo uma dessas placas durante aproximadamente
8 horas na sua câmera escura fabricada pelo ótico parisiense
Chevalier, conseguiu uma imagem do quintal de sua casa. Apesar
desta imagem não conter meios tons e não servir para a litografia,
todas as autoridades na matéria a consideram como "a primeira
fotografia permanente do mundo". Esse processo foi batizado
por Niépce como Heliografia, gravura com a luz solar.
Em 1827, Niépce foi a Kew, perto
de Londres, visitar Claude, levando consigo várias heliografias.
Lá conheceu Francis Bauer, pintor botânico que de pronto reconheceu
a importância do invento. Aconselhado a informar ao Rei Jorge
IV e à Royal Society sobre o trabalho, Niépce, cauteloso, não
descreve o processo completo, levando a Royal Society a não
reconhecer o invento. De volta para a França, deixa com Bauer
suas heliografias do Cardeal d'Amboise e da primeira fotografia
de 1826.
Em 1929 substitui as placas de
metal revestidas de prata por estanho, e escurece as sombras
com vapor de iodo. Este processo foi detalhado no contrato de
sociedade com Daguerre, que com estas informações
pode descobrir em 1831 a sensibilidade da prata iodizada à
luz. Niépce morreu em 1833 deixando sua obra nas mãos
de Daguerre.
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Thomas Wedgwood 1771-1805
Nicéphore Niépce
1795
Niépce: Heliografia
do Cardeal D'Amboise
Primeira fotografia
de Niépce em 1826, tirada da janela do sótão de sua casa de
campo em Le Gras em Chalons-sur- Saône, na França.
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