A
dificuldade em usar o vidro como base no negativo, era de
se encontrar algo que contivesse, numa massa uniforme, os
sais de prata sensíveis à luz, para que não se dissolvessem
durante a revelação.
Abel Niépce da Saint-Victor,
primo de Nicéphore Niépce (1805-1870), descobriu em 1847
que a clara de ovo, ou a albumina, era uma solução adequada,
no caso do iodeto de prata. Uma placa de vidro era coberta
com clara de ovo, sensibilizada com iodeto de potássio,
submetida a uma solução ácida de nitrato de prata, revelada
com ácido gálico e finalmente fixadas com tiossulfato de
sódio.
O método da albumina, proporcionava
uma grande precisão de detalhes, mas requeriam uma exposição
de 15 minutos aproximadamente. Sua preparação era bastante
complexa e as placas podiam ser guardadas durante 15 dias.
O ano de 1851 foi muito significativo
para a fotografia. Na França morre Daguerre. Na Grã Bretanha,
como fruto da revolução industrial, é organizada a "Grande
Exposição", apresentando os últimos modelos produzidos.
Um invento que em pouco tempo chegou a suplantar todos os
métodos existentes, foi o processo do "colódio úmido",
de Frederick Scott Archer, publicado no "The Chemist"
em seu número de março. Este obscuro escultor londrino,
com grande interesse pela fotografia, não estava satisfeito
com a qualidade das imagens, deterioradas pela textura fibrosa
dos papéis negativos, e sugeriu uma mistura de algodão de
pólvora com alcool e éter, chamada colódio, como meio de
unir os sais de prata nas placas de vidro.
O processo se consistia em:
- Espalhar cuidadosamente
o colódio com iodeto de potássio sobre o vidro, escorrendo
o excesso, até formar uma superfície uniforme.
- No quarto escuro, com somente
uma fraca luz alaranjada, a placa era submetida a um banho
de nitrato de prata.
- A placa era exposta na câmera
escura ainda úmida, porque a sensibilidade diminuia rapidamente
à medida que o colódio secava. O tempo médio de exposição
à luz do sol era de 30 segundos.
- Antes que o éter, que se
evapora rapidamente secasse, tornando-se impermeável,
revelava-se com ácido pirogálico ou com sulfato ferroso.
- A fixagem era feita com
tiossulfato de sódio ou com cianeto de potássio (venenoso),
para finalmente lavar bem o negativo.
O colódio, além de muito transparente,
permitia uma concentração maior de sais de prata, fazendo
com que as placas fossem 10 vezes mais sensíveis que as
de albumina. Seu único inconveniente era a necessidade de
sensibilizar, expor e revelar a chapa num curto espaço de
tempo. Como Ascher não teve interesse em patentear o seu
processo, morreu na miséria e quase desconhecido; os fotógrafos
ingleses podiam praticar livremente, pela primeira vez,
a fotografia.
Talbot acreditando que sua
patente cobria o processo colódio, levou ao juiz um fotografo
que utilizava o processo de placa úmida em Oxford Street.
O juiz pôs em dúvida o direito de Talbot reclamar a invenção
do colódio e os jurados decidiram que este não infringia
sua patente. Então a fotografia estava livre, além de que
a patente de Daguerre havia expirado em 1853.
A fotografia agora tinha condições
de crescer em popularidade e em quantidade de aplicações
do colódio, que durou 30 anos. O número de retratistas aumentou
consideravelmente, pessoas de todas as classes sociais desejavam
retratos e, se estendeu o uso de uma adaptação barata do
processo colódio chamada Ambrotipo.
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Frederick
Scott Archer, inventor do processo colódio úmido 1851
Tenda para
a prática da fotografia em campo na época do colódio úmido
1875
Capa do livro "Photographic
Pleasures" que satirizava a fotografia
A carroça fotográfica de
Roger Fenton na guerra da Criméia, 1855
Fotógrafo de paisagem em
1865
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