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TRATADO NIPO-BRASILEIRO DE AMIZADE, COMÉRCIO E DE NAVEGAÇÃO


1. Intercâmbio Brasil-Japão em período anterior ao Tratado de Amizade

Mesmo antes do estabelecimento de relações diplomáticas oficiais entre Brasil e Japão, com a assinatura do Tratado de Amizade, de Comércio e de Navegação, em 1895, alguns intercâmbios acidentais e esporádicos foram registrados entre os dois países.
Em 1773, houve o naufrágio do navio veleiro japonês "Wakamiya-maru", que partira do porto de Ishimaki, fazendo com que quatro de seus tripulantes fossem parar na Rússia. De San Petersburgo, então capital da Rússia, eles iniciam a viagem de repatriamento em dois navios de guerra. No Oceano Atlântico, um dos navios apresenta defeito para cujo conserto as duas embarcações são obrigadas a permanecer por dois meses, em Florianópolis, no litoral brasileiro.
Em dezembro de 1866, o navio "Kayô-maru", encomendado pelo Shogunato de Tokugawa à Holanda, fica pronto e zarpa com destino ao Japão, levando a bordo Kamajiro (Buyô) Enomoto, que cumpria bolsa de estudos naquele país, e mais nove japoneses. Em janeiro do ano seguinte, o navio aportou no Rio de Janeiro, onde permaneceu por 11 dias, período aproveitado pelos japoneses em passeios pela cidade.
Por outro lado, em 1874, o Japão foi considerado o local mais apropriado para observar a passagem de Vênus sobre o disco solar. Por isso, numerosos países enviaram para lá suas equipes de observação. Na equipe francesa, figurava um brasileiro, Francisco Antonio Almeida. E, em 1889, o navio de guerra do Brasil "Almirante Barroso" esteve no Japão, levando a bordo o Príncipe Imperial Augusto Leopoldo, neto do Imperador D. Pedro II.

2. Cenário da celebração do Tratado Nipo-Brasileiro

As primeiras negociações entre o Brasil e o Japão, para o estabelecimento de relações diplomáticas oficiais, foram realizadas em 1880. No caminho de volta de Shin (antiga China), onde celebrou o Tratado de Comércio e avegação, o Contra-Almirante brasileiro Artur S. da Mota, passou pelo Japão. Nessa ocasião, ele manteve conversações no Ministério do Exterior do Japão sobre o Tratado Nipo-Brasileiro de Comércio. Dois anos depois, em 1882, o ministro brasileiro Eduardo Calado, muito prestigiado em Shin, também na viagem de volta desse país, passou pelo Japão, onde manteve novas negociações para estabelecer as relações diplomáticas entre os dois países.
Na seqüência desses dois episódios, os entendimentos para a celebração do Tratado se intensificaram, na década de 1890, estimulados pelo interesse originado por questões de migração. Pelo lado japonês, a crescente necessidade de intensificar seu fluxo emigratório, encontrava uma reação contrária, da mesma intensidade, por parte dos principais países receptores, como os Estados Unidos, incluindo o Havaí, o Canadá e Austrália. Com isso, o Japão tinha uma necessidade premente de encontrar países alternativos para receber seus emigrantes. No Brasil, por sua vez, com uma população que não passava ainda de 15 milhões de habitantes, a falta de mão-de-obra era sentida em todo país. Em São Paulo, nas fazendas de café, era intensa a demanda pelos imigrantes.
Dentro desse cenário, em 5 de novembro de 1895, foi firmado, em Paris, o Tratado de Amizade, de Comércio e de Navegação, pelos representantes plenipotenciários do Japão, Soné Arasuke, e do Brasil, Gabriel de Toledo Piza e Almeida. Com base nesse Tratado, os dois países instalaram suas respectivas legações em território um do outro. O primeiro Ministro-Chefe da legação do Japão foi Chinda. E do Brasil, Henrique Carlos Ribeiro Lisboa.

3. As relações entre o Brasil e o Japão, após o Tratado

Entre os países latino-americanos, com os quais o Japão celebrou tratado de comércio e navegação, o Brasil foi o terceiro. O primeiro foi o Peru, em 1873, e em seguida, o México, em 1888. Mas nos tratados estabelecidos em condições de igualdade entre países signatários, o Tratado Nipo-Brasileiro pode ser considerado o segundo, após o Tratado Nipo-Mexicano de Amizade, Comércio e Navegação.
As relações entre o Brasil e o Japão, após a conclusão do Tratado, interrompidas somente num determinado período da Segunda Guerra Mundial, se desenvolveram de forma extremamente auspiciosa, tanto do ponto de vista da imigração como da cooperação econômica e de instalação de empresas. Daí a importância histórica deste Tratado de Amizade, de Comércio e de Navegação, cujo centenário de sua celebração será comemorado no próximo ano de 1995.


 
   

Idealizado por:
CRISTINA OKA & AFONSO ROPERTO©
Última atualização: 15 February, 2002