Imagine uma Caucaia de chão de terra batida, as crianças e muitos adultos andando sempre descalços; uma pequena venda, uma sala de casa era a escola; as noites, iluminadas pelas estrelas e pela lua, e algum lampião a gás e velas, deviam ser mais barulhentas de grilos e corujas. Casas simples de pau-a-pique, o largo em volta da igrejinha, cercado de muita, muita vegetação por todos os lados.

O povo que residia nessa Caucaia era rude, no sentido de suportar as agruras de quem vive da terra, uma terra toda ainda a desbravar. As geadas, a chuva, a estradinha difícil que conduzia a outra maior para o comércio de seus produtos, em viagens que demoravam três ou quatro dias para alcançar o mercado de Pinheiros, se fossem feitas em tropa; com carro de boi a viagem levava oito dias.

O lazer era dedicado ao dia de ir à igreja, e algumas festas or-ganizadas em torno da paróquia. Uma vida comunitária mais ativa era dificultada pelas distâncias (os compadres moravam longe uns dos outros); mas na vila tinham as vendas, o armazém, onde os homens que vinham se encontravam para uma compra, eventualmente um trago e uma prosa.

Nesse contexto, num ano que custou um pouco mais para chover, três compadres decidiram rumar até Pirapora, sob a devoção de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, para pedir que ao Bom Jesus que intercedesse por eles, trazendo uma boa colheita. Nascia assim a Romaria de Caucaia do Alto e bairros vizinhos à Pirapora do Bom Jesus.