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A propósito da
hidrografia cotiense

com atenção ao Rio Tietê

por João Barcellos.

Quem olha aquele caudal d'água de mil cores, que atravessa a cidade do poeta Baptista Cepellos, deve pensar que a região é um caudal de gente descuidada ou, no mínimo, desavisada. Tal é a quantidade de detritos...

Um dos principais rios, dos que vão engrossar o Tietê, o Cotia vem da Serra da Paranapiacaba e forma reserva no Morro Grande; é abastecido, em cerca de 50 Km, por rios menores como o São João de Barueri, o Ribeirão da Graça, o Capivari, o Ribeirão do Aterrado, o Moinho Velho, e muitos outros. O outrora tão cantado Rio Cotia serve uma boa parte da população urbana (o Município tem cerca de 120.000 Habitantes) e a grande maioria das fábricas da Cintura Industrial localizada no bairro Granja Viana; menos de 20% do esgoto urbano é coletado e tratado e, mesmo assim, lançado diretamente no caudal d'água; quanto à área industrial, apesar de exemplos fortes, como os da Gerdau e da Firmenich, poucas são as empresas que investem no Tratamento d'Águas. Na verdade, a maioria das empresas ainda não acertou os ponteiros com a moderna Cidadania - ou seja: do lucro material devem sair os recursos de incentivo à Qualidade da Vida na região em que as empresas estão inseridas.

Ao contrário do que muita gente pensa, não compete sequer à Municipalidade o tratamento de esgotos, urbano e doméstico: há cerca de 15 anos que a Sabesp é responsável por esse serviço por força de contrato assumido com a Prfeitura. E não o faz. Ou melhor: a Sabesp faz, mas ainda muito mal. Assim, o que a Prefeitura pode fazer é fiscalizar o acordo...

Quando os afluentes chegam ao Rio Cotia eles engrossam o caudal com mais e mais detritos em vez de lhe dar oxigênio, de lhe assegurar condições de sobrevivência.

Vai longe o tempo em que o poeta Cepellos podia cantar o Tietê olhando o Cotia serpentear cristalinamente - hoje, nem um nem outro. Esses rios, o Tietê e o Cotia, foram/são personagens diretos da construção do mais poderoso Estado da União, mas os brasileiros de São Paulo ainda não estão muita atenção para eles. E eles, esses rios, merecem um gesto amigo, um pouco de poesia!

Segundo estudos recentes, 2.500 m3/dia de Esgoto Doméstico são lançados no conjunto hidrográfico capitaneado pelo Rio Cotia, que só se salva mesmo na pureza do Sistema Ecológico que é a Reserva Florestal de Morro Grande (que é patrimônio do Estado, o que pouca gente sabe!) e onde, inclusive, já quiseram construir um aeroporto!

Quem vem minotorando e fazendo relatórios da situação é a Cetesb: já foi movido até processo contra a Municipalidade cotiense e contra a Sabesp por conta da degradação do Sistema Hidrográfico representado pelo Rio Cotia. No entanto, cabe à Sabesp dizer das razões técnicas e financeiras que levaram a esta situação perigosa para a Saúde Pública...

Antigamente subiam o Tietê e avançavam pelo Cotia na conquista do "sertam", hoje, quase nem podemos respirar... Os poetas apostam que o sonho não acabou!


 
   

Idealizado por:
CRISTINA OKA & AFONSO ROPERTO©
Última atualização: 15 February, 2002