O Cinturão 
                Verde da Cidade de São Paulo constitui-se de todos os remanescentes 
                da Mata Atlântica e ecossistemas associados que circundam 
                a metrópole paulistana e que possuem atributos inigualáveis 
                para a vida na região, como manutenção da 
                qualidade e disponibilidade da água, amenização 
                climática, manutenção da biodiversidade e 
                dos valores culturais da população, harmonização 
                da paisagem, estabilização do solo (que possui relação 
                direta com as enchentes), entre outros.
                Abrangendo 66 municípios, o Cinturão Verde encerra 
                uma área onde vivem mais de 17 milhões de habitantes, 
                o que equivale a 10% da população brasileira em 
                menos de um milésimo do território nacional.
                Essa distribuição caótica da população 
                propicia um ambiente social de contradições, que 
                se reflete na organização do espaço territorial, 
                saturando e consumindo os recursos ambientais. Com isto, temos 
                o que muitos convencionaram chamar de "Belíndias" 
                - algumas ilhas de prosperidade ("Bélgicas") 
                cercadas de inúmeros cinturões de miséria 
                ("Índias"). A cidade é a um só 
                tempo "local de consumo e consumo do local".
                Na expansão constante da mancha urbana em direção 
                à periferia, a cidade vai devorando seus recursos naturais, 
                tecido verde, água, ar e a própria memória 
                do sítio primitivo.
                Sob o ponto de vista fitogeográfico, o Cinturão 
                Verde da Cidade de São Paulo se situa no Domínio 
                da Mata Atlântica, abrangendo áreas significativas 
                de vários ecossistemas ameaçados de extinção, 
                como a floresta da escarpa atlântica (Floresta Ombrófila 
                Densa), a floresta de planalto (Floresta Estacional Semidecidual), 
                mangues, restingas, matas com Araucárias e até mesmo 
                cerrado.
              A Reserva da Biosfera
                O Programa "O Homem e a Biosfera" (The Man and the Biosphere 
                - MAB), criado em 1971 pela UNESCO - Organização 
                das Nações Unidas para a Educação, 
                a Ciência e a Cultura - confere a determinadas áreas 
                do globo, consideradas de relevante valor ambiental e humano, 
                o título de reserva da biosfera. Hoje, cerca de 330 reservas 
                da biosfera formam grande rede internacional espalhada por todo 
                o Planeta.
                Buscando uma correta gestão dos recursos naturais e o desenvolvimento 
                sustentável, através da pesquisa científica, 
                da conservação da biodiversidade, do desenvolvimento 
                social e da harmonização dos diversos agentes que 
                atuam neste espaço, as reservas da biosfera servirão 
                de referência para medir os impactos do Homem sobre o seu 
                ambiente.
                Neste enfoque, e após um histórico movimento civil 
                que, através de 150.000 assinaturas reivindicou o status 
                plenário do Cinturão Verde da Cidade de São 
                Paulo, o Instituto Florestal, da Secretaria de Estado do Meio 
                Ambiente, emprestou à causa o suporte técnico-institucional 
                necessário para a UNESCO, no dia 9 de junho de 1994, declara-se 
                a Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São 
                Paulo, parte integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.
                No Brasil, atualmente, existem três reservas da biosfera 
                (Mata Atlântica, Cinturão Verde da Cidade de São 
                Paulo e Cerrado) que, embora em fase de consolidação, 
                já estão sendo reconhecidas como referência 
                em questões de conservação ambiental e desenvolvimento 
                sustentável. Prova disso é o recente convênio 
                celebrado entre o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos 
                Hídricos e da Amazônia Legal e a UNESCO para o fortalecimento 
                das reservas da biosfera brasileiras, inclusive com liberação 
                de recursos financeiros.
              Gestão e Projetos
                Para dar início à gestão da Reserva da Biosfera 
                do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo foi criada 
                no Instituto Florestal, órgão coordenador da reserva, 
                com a co-participação da Fundação 
                Florestal , uma equipe de trabalho que vem atuando na viabilização 
                de acordos de parcerias e cooperação com entidades 
                nacionais e internacionais para apoio às áreas da 
                Reserva.
                Em 1994, a partir de um Workshop realizado conjuntamente pelo 
                Instituto Florestal e UNESCO, foi constituído um Comitê 
                com representantes de vários segmentos da sociedade, que 
                vem trabalhando para a implementação do Sistema 
                de Gestação da Reserva da Biosfera do Cinturão 
                Verde da Cidade de São Paulo, conforme recomendação 
                do programa MAB.
                O Sistema de Gestação, através da cooperação 
                e integração entre os vários agentes envolvidos, 
                terá o papel de identificar e sugerir alternativas efetivas 
                para conservação ambiental e o desenvolvimento, 
                que possam se contrapor às fortes ameaças que assolam 
                esse patrimônio da humanidade.
                A Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São 
                Paulo atuam também na implementação de projetos 
                práticos, como o Programa com Jovens em Atividades Agroflorestais, 
                cujo primeiro núcleo piloto foi instalado na Estância 
                Turística de São Roque, em 1996. Este Programa, 
                de forte caráter sócio-ambiental, pretende, ao trabalhar 
                com jovens de 10 a 17 anos, resgatar a sua cidadania, fomentar 
                alternativas de geração de renda baseadas no desenvolvimento 
                de atividades sustentáveis e estimular o reverdecimento 
                do Cinturão Verde.