Um baiano calmo demais, sossegado,
que gosta de ver e fazer as coisas direito - assim se auto-explicaria
Ladário Ribeiro Teles, nascido em Lençóis
- BA, em 1934. Quando criança, gostava de rabiscar
em paredes usando tauá. Mas a vida na roça não
lhe era agradável; em 1960 mudou-se para São
Paulo, onde trabalhou em tecelagem, construção,
garagem de empresas de ônibus; trabalhador braçal.
Em 1969 conheceu o pintor Américo Modañez, e
lhe mostrou alguns desenhos a lápis. Esse pintor mais
o famoso Cássio M'Boy se sensibilizaram pela potencialidade
artística de Teles, e lhe deram alguma orientação
e apoio. O sertanejo deixou de beber e começou a se
realizar na pintura.
Festa Junina
Hoje, Teles
é tido como dos demais interessantes pintores que costumam
freqüentar a feira da Praça da República,
aos domingos, na capital paulista. Como dizem, é "o
mais primitivo da praça". Diversos executivos
de empresas multinacionais, conhecendo o estilo de Teles,
acabaram adquirindo suas obras inclusive para presentear amigos,
no exterior. O pintor já participou de algumas exposições,
principalmente em Osasco (onde fixou residência) e em
São Paulo, e parece estar trilhando a mesma rota do
êxito, como aconteceu com o acreano Chico da Silva em
Fortaleza e com o baiano Waldomiro de Deus Souza em São
Paulo.
Possuindo um estilo marcante, muito personalístico,
Teles pinta cenas reais ou imaginárias do seu sertão
baiano, porém de um regionalismo que não descura
valores universais: Viagem de balão, O velho jangadeiro,
Primeira Missa, O lago da sereia, Carrasco sertanejo, Ataque
ao trem (os atacantes são cangaceiros, o trem é
puxado por uma antiquada Maria-Fumaça), Desordem no
sertão pernambucano, O dia da chegada do Zepelim, Duas
barbuletas sobre as flores, Tapete voador (árabe com
adega, farolete e indumentária típica sentado
num tapete que flutua, e em segundo plano, abaixo, construções
semelhando um castelo que vai ser atacado), Uma vida na roça,
O padre e o menino traquina, Canoeiro, Confissões (moça
frente a um sacerdote, entre ambos um anjo), Palestra do general
com a loira (aparecendo como acessórios uma suástica,
Hitler, um avião de guerra e um crânio humano),
Baiana com seu tabuleiro, Viagem sobre a África (um
originalíssimo balão tipo Zepelim nos céus,
e na floresta animais assustados). Também aprecia pintar
legendas sugestivas, que podem ser o próprio título
da obra ou podem complementá-la (como em Palavras escritas
com sangue).
Voando sob
um guardachuva
Teles alcança efeitos cromáticos
notáveis, evitando os meios tons, e acentuando traços
bem definidos de cores fortes - faz nos quadros o oposto de
seu comportamento normal. Suas figuras - animais, homens,
mulheres, tipos específicos - ganham uma espetacular
expressividade, com olhos alegres, sorrisos permanentes e
posições que lhes dão ar de leveza, ainda
que via de regra sejam figuras grandalhonas, quase provocando
a impressão de não caberem no quadro. Entretanto,
o autor consegue acrescentar muitos pormenores em cada pintura,
além desses elementos componentes principais de grandes
tamanhos: uma igrejinha ao fundo é comum; e flores;
prédios da Cidade Baixa em Salvador; vegetação
variada e colorida; peixes dentro do rio ou mar quando se
trata de pintura de pesca (como em O padre e a pescaria);
velas acesas, bandeira da República do Brasil, por
do sol, árvores (como em Primeira Missa). O resultado
final são excelentes exemplos do que em artes plásticas
se denomina o anedótico. Teles é um magnífico
fixador de flagrantes e de episódios da vida cotidiana,
com estilo inconfundível.
O traquina
Prefere pintar em telas com tinta
a óleo, mas também produz em cartolina com guache;
secundariamente em madeira e folha de flandres. Caprichoso,
tem em casa um cavalete frente ao qual passa horas todo dia,
toda noite, pormenorizando suas obras.
Com a calma e a paciência de um bom sertanejo nordestino.
Assim é a Bahia
EXPOSIÇÕES
1978 - Exposição
coletiva em São Bernardo do Campo - Paço Municipal.
1982 - Exposição
individual no Teatro Elis Regina - São Bernardo do
Campo.
1991 - Exposição
da biblioteca municipal de Vargem Grande Paulista.
1992 - Feira de Artes Plásticas
na Praça Japonesa.
1996 - Feira de Artes Plásticas
no Ginásio de Esportes de Cotia.
1997 - Exposição
no Paço Municipal de Cotia.
1997 - Exposição
na Praça do Ginásio de Esportes de Cotia.
1998 - Exposição
coletiva na Chácara Flora - Santo Amaro.
2001 - Exposição no evento
"Revelando São Paulo" no Parque da Água
Branca - SP
O encontro do juiz, da freira e o jeca
Assim é a natureza.
O
carroceiro
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Chofer de praça
Jeca na roça
O jangadeiro
A Deusa da floresta
Assalto ao trem pagador
Uma tarde em chamas
O encanto da natureza
A cruz da floresta
O pássaro mensageiro
Os dois vida-errada
O pagador de promessas
Juazeiro de Padre Cícero
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